quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

em outra dimensão

Nunca calculei muito bem a forma como isso acabaria, mas em uma noite escura, trancada no quarto aos prantos eu decidi por um fim. Aquela navalha brilhante parecia uma ótima solução para todos os meus problemas, problemas tais que naquele momento pareciam jamais ter solução...
Sabe, também nunca fui a pessoa mais corajosa do mundo, demonstro segurança mas no fundo tenho medo de abismos - naquele momento eu me via no abismo -. Pressionei aquele metal afiado contra meu corpo, a dor era talvez até prazerosa, afinal, era a dor que curaria toda a imensidão de lágrimas que eu me encontrava afundada. Sentia um líquido quente escorrendo por entre meus dedos, um vermelho tão intenso que coloria aqueles últimos dias tão incolores. Era a cor do meu (talvez) sossego. Aos poucos a dor se intensificava e meus sentidos iriam se perdendo, a cabeça amortecendo, os lábios sentindo o frio. O líquido quente escorrendo deixou de existir pra mim, pois apaguei.

Acordei assustada, ofegante e sentindo um tremendo ardor no peito "Onde é que estou? Como estou?" E aos poucos as últimas lembranças estavam chegando, devagar elas vinham ao meu encontro, e como em um filme pude ver meu corpo debruçado em uma poça, uma poça formada por aquele vermelho vivo. Formada pela minha vida... que já não mais existia. Tentei me levantar e não encontrava forças, tentei me virar e não encontrava impulso. Olhei ao redor e tudo ali parecia muito mais escuro e sombrio do que era o meu quarto, e a dor havia se intensificado.

Hoje em outra dimensão ainda te vejo, em seguida olho os meus punhos não cicatrizados, com vertentes de sangue levemente diariamente. Te vejo de longe, se perguntando o por que, lamentando o meu bem querer. A dor continua aqui. Mas esse, foi o meu fim!


MIA

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