sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Prólogo no estábulo. - Por Bruna Angelone

Estão presentes a ferreira e seu mensageiro.
Ferreira:
Vá e corra, mensageiro!!
a Ele entregue a espada,
diga que como o fio que balança o mundo,
tem balanço e é equilibrada.
Peça que confie no conteúdo,
com ânimo foi bem forjada.
Vá sem parada, que esse é ferro novo.
Saiu da pedra pelo fogo
e anseia o fim da batalha.
Montou e saiu como  se cavalgasse o mundo.
não demorou e a densa mata já via,
a noite pedia licença e o sol cedia
O cavalo arfava!
os olhos alcançavam a luz.Estava ali o acampamento.
Veja a grande Cruz!
Mensageiro:
Calma, calma cavalinho,
não entraremos  a noite  famintos floresta a dentro
tenho algo que nos serve
faremos aqui parada breve
antes da alvorada
trarei vitória ao bem de minha amada.
E absorto no silencio o mensageiro se afligia.
Mensageiro:                                                                                                                                                               
onde está minha montaria?
como vou seguir sozinho sem cavalo  mata a dentro?
de certo se soltou da corda,
deveria ter ido logo e sem demora...
(Ouve se passos vindo do bosque)
Ninfa:
tens razão pobre amigo!
(O mensageiro de assalto se levanta e procura pela espada )
Mensageiro:
pobre? não sou pobre
embora comigo não carregue adornos
a coragem de um homem me vale como ouro.
Ninfa:
A coragem vale até mais que ouro...
mas quanto vale da amada o corpo?
tens mais coragem que vontade? Homem tolo!
Mensageiro:
De quem é a voz que sobre coragem me fala?
vai ficar escondida na noite, no meio da mata?
Revela-te bruxa!
Sei bem que o medo
é o veneno que usa!
(Sai  a mulher ...Era linda e nada a adornava,
um manto era tudo o que tinha, sobre seu corpo a lua brilhava.)
Ninfa:
Não sou bruxa forasteiro,
se assente e perca o medo
trago  o vinho que precisa
deixe me ser esta noite
tua companhia.
(Serve o vinho)
Mensageiro:
se não é bruxa como sabe?
do amor que em segredo
me estoura o peito.
Ninfa:
Aprecio um bom amor
Dele sinto o cheiro
me diga o que quer
posso lhe fazer esse gracejo.
(Ajeita o fogo e tira o gorro)
Mensageiro:
quero dela os pensamentos além do seu corpo inteiro.
se fosse só luxuria,
nessa loucura que aspiro
de certo já o teria feito.
Quero minha amada
livre e desamparada.
Ninfa:
mas, é ela casada?
(Se aproxima e pede a espada)
Mensageiro:
Não! Enamorada.
pelo dono desta espada.
Ninfa:
Reconheço esse brasão
pobre homem,
sei a quem pertence seu coração.
Mensageiro:
De graça nada faria,
viaja sozinha e sem companhia,
De ti desconfio...
Por que faria isso?
(O fogo estala e da terra sobe um clarão)
Ninfa:
Já te disse, mas repito:
com o amor muito me divirto.
E não estou sozinha, te escolhi como companheiro.
Olhe-me bem agora!
Não estou bonita
do que quando me viu primeiro?
Mensageiro:
De fato está mais bela,
tem dela o mesmo cheiro.
Faça sua magia bruxa
sou seu companheiro.
(Na aurora ao acordar, a consorte se vestia
era velha e retalhada.
Com pressa o tempo temia)
Mensageiro:
O que fizeste feiticeira?
Ninfa:
Não se sinta enganado.
Depois do vinho fizemos um trato.
Olhe em volta! A guerra é finda.
Foram tomados de assalto.
Que má sina...
Mensageiro:
Ah... como entregarei a encomenda?
Ninfa:
Se acalme ele está vivo e lhe anseia.
vá ao teu encontro
e então entenderá
que pago tudo o que compro.
Seu pedido estará lá.

(Perto do campo de batalha entre os pinheiros  ele avista o nobre guerreiro, parecia já estar morto com uma flecha no peito)
Mensageiro:
Maldição!
Não cumprirei a missão
e nem dela terei perdão.
Vou ao menos lhe aprontar uma sepultura
pobre nobre, levarei noticias suas.

(tira o elmo do moribundo, tira lhe o anel e mostra a arma forjada. Recebe dele as ultimas palavras e eram versos para a amada)
Mensageiro:
Não fui fiel servo dela.
deitei-me com a ninfa
e pedi por ela.
E a ti peço perdão
não era tua hora
a flecha esta envenenada.
(sela os olhos do já morto companheiro,
lhe da ali mesmo um simples enterro.
Embrulha a espada no manto branco e retorna para a sua morada)

Prólogo na casa de forja.
(estão presentes o Mensageiro e a Ferreira)

Ferreira:
regressou com a lamina seca?
Como pode?
 Veja, nem ao menos foi usada...
Ande Homem, lhe necessito a palavra!
entregaste a ele a espada?
Mensageiro:
Cheguei e a guerra era finda...
O exercito de corvos como bem sabes,
prisioneiros não fazia.
Vosso nobre porém,
foi achado ainda com vida.
Sob a espessa bruma
lá entre os pinheiros
a floresta o escondia.
uma flecha o peito torturava,
a morte era certa e espreitava.
ao me ver aproximar
quis se por de pé para batalha
mas viu a espada que eu carregava
e antes de partir,
te deixou essas palavras:
Cavaleiro:
Repouso na lamina minha face,
E é a que teu fogo me forjou.
Dama leve e balanceada
ceife meu ultimo beijo
e retorne à sua morada.
Bem sabe que não lhe desejo mal, cara amada
mas sabe que o tumulo não será
do meu querer morada,
até da terra será tu por mim ansiada.
mensageiro:
E morreu assim, com ela sobre o peito.
Ferreira:
Poupe-se do seu pesar,
sei que és alcoviteiro.
me disse a magia da forja
que uma Ninfa
te fez tal gracejo.
Contou  que tu não sabia
se era dela, de mim ou do vinho que bebia.
Para a morte certa entregou meu bem amado
achou que eu aceitaria esse amor roubado?
Fique agora com sua seca eternidade,
com a doença da saudade
que queria em meu peito instalada.
Encontrarei meu pai e a ele serei grata.
me ensinou a forja e a aliança se fez na espada.
Me diga o que mais ganhaste?
Sabe que eu nunca o teria...
não há o que te baste?
Mensageiro:
Bastaria!
Se fossem minhas
as palavrinhas que risonha recita
a bater na forja como se tocasse lira.
Não vê que lhe salvei a vida?
O padre por quem se apaixonaste
é um ceifador de vidas.
Se sabe da espada a magia,
era teu sangue que que no campo escorreria.
Ferreira:
Cala-te, pois muito mais ele sabe
sobre as coisas do céu e da terra
que esse livro que te guia.
Me dê a espada para que me conforte!!
Da magia não sabe nada,
Desse mundo ter a morte é muita sorte.
Por nosso eterno encontro lhe sou grata!
Essa espada é minha melhor
e a ultima a ser forjada.
Oh amado, me receba na tua morada
eu chego pela mesma espada.


 (Bruna Angelone Costa - Escritora, Desenhista, e, Amiga)


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